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Luís Buchinho
Inspiração sadina

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Nascido e criado em Setúbal, Luís Buchinho é um dos nomes mais sonantes da moda portuguesa e, pelo mundo, há olhares muito atentos ao seu trabalho.


Acabado de chegar da Semana da Moda de Paris, onde apresentou a coleção primavera-verão, costurou uma entrevista com o InspireSetubal onde fala da ligação à terra que o viu nascer.

Cruzou-se com a sua arte quase por acaso, numa história inesperada (que envolve uma namorada e revistas de moda). Com quase 30 anos de carreira numa área dura, sobretudo em Portugal, Buchinho continua a trabalhar com a mesma humildade com que começou.

A carreira levou-o para o Porto, onde vive, mas sempre que pode ruma a Setúbal para visitar a família, amigos e matar saudades. Sereno e de bem com a vida, sente que a cidade tem uma nova energia.

É apaixonado pela Arrábida, por Tróia, pelas praias e não é raro ver nas suas coleções texturas, formas e cores que fazem lembrar a região. As redes de pesca, o peixe, o mar têm sempre lugar nas suas peças. São inspirações sadinas que correm as passereles de todo o mundo.

Perfil
Nome: Luís Buchinho
Idade: humpf! 49
Local de nascimento: Setúbal
Prato preferido: Risotto
Bebida preferida: Vinho branco
Praia preferida: Tróia
Objetivo de vida: Trabalhar muito
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Vertigem MREC #3
 
É de Setúbal, mas vive no Porto há muito tempo. Como é que isso aconteceu?

Foi em 1986. Estava na altura no liceu, no 11º ano, e tinha uma namorada super “antenada” com moda, e com a amplitude do universo que rodeia este mundo. Convém lembrar que isto foi há 32 anos, num planeta sem internet, redes sociais nem informação global... tudo o que nos aparecia era devorado com uma avidez que eu considero que é inexistente nos dias de hoje. Tomei então contacto com as primeiras revistas de moda (até aí só consumia banda desenhada e revistas de música), e fiquei fascinado com o que vi. Especialmente com as ilustrações... na altura muitas das campanhas das marcas top eram ilustradas. Comecei a fazer as minhas. Fiquei rapidamente viciado. Esses desenhos são incríveis, demonstram uma energia e uma entrega absoluta, principalmente se pensarmos na minha idade na altura (16). Começaram a rodar pela sala de aula, onde a minha professora de Artes reparou neles, e viu ali um possível futuro para mim. Um dia, a caminho de uma excursão para a Gulbenkian, passou-me para a mão um recorte de jornal com o anúncio das candidaturas do Citex (Centro de Formação profissional da Indústria Têxtil), no Porto. Concorri, fui aceite e, em três meses, mudei de cidade.


Setúbal daria um bom motivo para uma coleção?

Sim, e de certo modo até já deu. O Inverno 17-18 foi buscar o imaginário de pescadores e varinas, o litoral português, a saudade, a vida dura e agreste desta população. Os motivos gráficos apresentados eram de falésias alentejanas, bem como de traineiras setubalenses. Tirei várias fotos na doca a vários barcos de pesca, e inspirei-me nas cores, nas matrículas, nos nomes (Estrela da Galé, Sadino, Tróia...) para criar uns prints muito subtis numas leggings que foram coordenadas com tops em rendas alusivas às redes de pesca, e com casacos de feltro rude, gasto e queimado pelo sol.


Apresentou a coleção outono/inverno 2015-2016 num evento memorável no Mercado do Livramento. Como surgiu a ideia?

Foi na sequência da comemoração dos meus 25 anos de carreira, uma espécie de regresso a casa. Foi uma iniciativa para Setúbal ter uma ideia daquilo que é uma apresentação do meu trabalho semestral, aquilo que eu faço, desde os 21 anos, duas a quatro vezes por ano. O cenário foi magnífico, pareceu-me na altura, e ainda hoje, a escolha mais acertada para fazer o desfile. Foi um show muito emocional, uma vez que reuniu amigos, família , clientes e público que nunca tinha visto um desfile meu. Foi um momento único, muito marcante, que deixou no meu legado, e espero que no da cidade, imagens com um valor intemporal extraordinário.

 
Vivendo no Porto, do que sente mais saudades?

Do peixe, da praia, do sol e da minha infância.


Setúbal está na moda?

Sim, cada vez mais! Setúbal e Portugal. Acho que finalmente se ganhou a confiança e auto-estima necessária para nos tornarmos um destino obrigatório.


Qual a cor que melhor define Setúbal?

Azul claro, pelo céu.


Melhor esplanada setubalense para final de tarde com amigos?

Os amigos escolhem, mas para mim quanto mais perto do rio melhor!


E depois, onde vão jantar?

A cidade tem muitas e boas opções. Por norma não sou o primeiro a chegar, vou ter onde os amigos estiverem e eles costumam acertar!


E para uma noite mais prolongada?

Faz-me falta o ADN.