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Considerados por muitos um dos ex-líbris de Azeitão, os Esses são aquela especialidade regional que não pode mesmo deixar de provar. Ao início, são duros e crocantes mas depois de mastigar o paladar doce e o sabor a canela vão deixá-lo sem palavras. Mas não fiquemos por aqui… porque, para além do sabor maravilhoso, os Esses de Azeitão têm toda uma história para contar.


Chegaram a Azeitão pela família de Manuel Rodrigues, que tinha na altura uma hospedaria onde hoje é a pastelaria regional “Cego”. Manuel acabou por cegar e o nome, que a todos desperta curiosidade, surge precisamente em sua homenagem. A sua mulher, Teresa, e a sua filha, Albina, já faziam, no início do século XX, os famosos Esses que têm feito a delícia de todos até aos dias de hoje.

O Inspire Setubal esteve à conversa com José Augusto Pinto, o actual responsável pela casa “Cego”, que recebeu no ano passado a Medalha de Honra da Cidade de Setúbal e cuja história remonta a 1901, sobre os Esses de Azeitão e todas as especialidades regionais que pode provar quando visitar “a casa mais antiga de Azeitão a fazer bolos”.

 
 

“Em 1901, a dona Teresa e o seu marido abriram uma casa de aluguer de quartos. Nessa altura, ainda nem existiam as pastelarias. Este era um sítio onde os viajantes podiam dormir. Ela era uma excelente doceira, provinda das famílias mais ricas de Azeitão, e fazia muitos doces. A filha, Albina, começou a juntar-se a eles e abriram uma espécie de pastelaria”, começa por contar, explicando que nessa altura Manuel ficou cego e assim se justifica o nome dado à pastelaria: “as pessoas diziam que vinham à casa dos bolos do cego e assim ficou”.

A família abriu a pastelaria, dedicou-se a fazer bolos, dando primazia nesta altura aos bolos secos, entre os quais os tão famosos Esses. Em 1975, a pastelaria passa para a família do pai de José Pinto, que até hoje deu continuidade a este legado tão doce. “Estamos cá desde essa altura e continuamos. Entretanto, o meu pai reformou-se e eu e a minha esposa mantemos a casa aberta até agora. A nossa família está cá há 44 anos”, refere, acrescentando que “o segredo da casa especializada em doçaria regional de Azeitão é muita dedicação, muito sacrifício também e o verbo chave é manter. Manter a qualidade”.

 

Situada na rua José Augusto Coelho, em Vila Nogueira de Azeitão, a pastelaria “Cego” é um sítio familiar e acolhedor, revestido a azulejos típicos portugueses, onde o cheiro que se sente no ar aguça o apetite e a vontade de provar os doces tradicionais que lá se fazem. Vêm os clientes de sempre, de perto, e os turistas, vindos de todo o mundo, que de longe já sonham com a doçaria. “Já tenho como clientes os netos das primeiras pessoas que atendi. Começa a ser uma família”, diz, garantindo que “o segredo dos bolos é tentar fazer sempre o melhor que se pode. Nem sempre sai bem. Hoje em dia não há segredos. Há processos, há maneiras e produtos de qualidade”.

 
 

Para além dos clássicos Esses e Tortas de Azeitão, prove ainda os amores de Azeitão e as delícias com bolo de leite, sem se esquecer dos queijos e do Moscatel. E por falar em Moscatel… das opções fazem ainda parte o pastel de Moscatel, o pastel de laranja, os mimos, feitos de doce de ovos, massa filo e amêndoa torrada, os memés, feitos no momento, com requeijão de ovelha e doce de ovos, e que são até conhecidos internacionalmente, ou o queque de chocolate - recriações feitas por José Augusto Pinto, que se diz “boleiro e não doceiro” porque só sabe trabalhar seguindo as receitas que herdou do seu pai e considera que actualmente “tudo se recria, nada se inventa”.

Fotografias e artigo escrito por Inspire Culture Lover