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Entrevista
João Palhoça
O vinho como ele é

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Nascido nas vinhas, João Palhoça, enólogo da Adega Fernão Pó, é apaixonado por vinho.

O avô foi o fundador da Adega, nos anos 50, e esta continua a ser uma casa de família, de portas abertas para quem quer fazer um piquenique na vinha ou experimentar um cozido à moda dos trabalhadores rurais de outros tempos.

Palhoça está sempre presente. Gere 70 hectares de vinha para criar um produto distinto e identificável, mas também experiências únicas e memoráveis a quem o visita.

Acredita que são as uvas que guardam todos os segredos e, no futuro, além de um alojamento local, quer até abrir um restaurante onde o vinho seja o prato principal.

Perfil
Nome: João Palhoça
Idade: 38 anos
Família: Casado, um filho
Um lugar: Em Portugal, Fernando Pó.
No mundo, Austrália
Um sonho: Sonhos do meu filho realizados
 
As vinhas da Fernão Pó estão abertas para visitas e experiências. Porquê?

O vinho começa nas vinhas. É de lá que vem a matéria prima – as uvas. E nelas estão contidos todos os segredos dos vinhos. Achamos importante que quem nos conhece pelos vinhos saiba de onde tudo parte. Para além disso, existe um afastamento cada vez maior das pessoas “urbanas” em relação ao rural, ao campo. Estas experiências ajudam a restabelecer a ligação.


Que atividades, ligadas ao enoturismo, disponibilizam?

Para além das tradicionais provas, com visita à adega, temos experiências em que as vinhas são parte integrante. Aos passeios juntamos a parte gastronómica, nas próprias vinhas. Com muito sucesso, temos o cozido, que tem a particularidade de ser feito em potes de barro, em fogo de chão, mostrando aos visitantes uma prática dos trabalhadores rurais de antigamente. Promovemos piqueniques na vinha e, em julho, temos a Sardinhada nas Vinhas. Tudo isto à sombra dos sobreiros, com a vinha como cenário.


Como surgiu a ideia?

Muito embora a Rota do Vinhos da Península de Setúbal tenha tido um sucesso enorme, faltavam espaços dedicados ao enoturismo na região. Todas as adegas sempre receberam visitantes e fizeram provas, mas muito poucas tinham um verdadeiro enoturismo montado.


Que projetos para o futuro?

O passo seguinte será a abertura de um alojamento local. Já existe o projeto, estamos só à espera de aprovação. De futuro, mas ainda só como ideia, gostaria de associar a tudo isto um restaurante, de poucos lugares, com um conceito um pouco diferente, onde o vinho é o principal e a comida o complemento.


Que segredos costuma contar aos visitantes?

Todos os segredos estão nas uvas. O meu trabalho é deslindar alguns deles. Mas nas nossas visitas, tanto às vinhas como à adega, explicamos os passos desde a plantação à garrafa de vinho, com explicações tão técnicas quanto o grau de conhecimento dos visitantes o permitam (ou a paciência para me ouvir).Quem comanda o que se conta é o próprio visitante.

 
Que memórias de infância tem nas vinhas?

Imensas, ou melhor todas. Toda a minha infância vivi nas vinhas e na adega. Nas vinhas gostava de apanhar “bichos” e fazer espingardas com canas e varas da vinha. Na adega, dos lagares e da “caldeira”, assim se chamava ao alambique, onde existia sempre brasas para assar uma linguiça ou um passarinhos.


Prefere um prato de carne ou de peixe?

Carne claramente, mas para mim não existe lugar, não só em Portugal mas no mundo, para comer bom peixe, como em Setúbal. Para além da qualidade do peixe, a mestria no assar é excecional. Gosto também de uma boa sandes de choco frito.


Tinto ou branco?

E o rosé? Bebo com igual prazer qualquer tipo de vinho. Não me juntem é mais nada a ele. Sangria para mim é uma forma de estragar o vinho e o sumo.


Moscatel ou Vinho do Porto?

Dependerá. São bebidas diferentes, para momentos que embora possam ser os mesmos, o que acompanha poderá ditar que escolha Moscatel ou um Vinho do Porto. Mas um bom Moscatel de Setúbal em nada fica atrás de um bom Vinho do Porto. Aliás, são vinhos de classe mundial.


Se tivesse que destacar apenas um dos vossos vinhos qual seria ?

Talvez o ASF tinto de 2005. Foi o meu primeiro vinho à séria, feito inteiramente por mim, desde à escolha das uvas, ao pisar dos lagares.