Quinta do Alcube
da natureza para a garrafa

Não há folha que rebente na Quinta sem que João Serra, o proprietário, se aperceba.

Os filhos ajudam, mas não o conseguem fazer descansar. O engenheiro não pára. “Quando morrer tenho muito tempo”, diz. Apaixonado pelo que faz, gosta de partilhar o seu conhecimento e de contar histórias, que soma às centenas. Não é raro, por isso, vê-lo na loja, já depois dos funcionários saírem, a trocar dois ou três dedos de conversa com os clientes e amigos.

Aos 35 hectares de vinha na Quinta do Alcube juntam-se mais 20 noutra quinta em Palmela. A produção atual é de 400 mil litros de vinho, mas algumas das vinhas ainda não estão a entrar na contagem. “Não fazemos distribuição nem exportação, 90% do vinho é vendido à porta”. João Serra não esconde o orgulho, enquanto lembra que as primeiras vinhas foram plantadas há 20 anos.

Das 18 referências únicas disponíveis na Quinta, há uma ainda mais exclusiva. O Alcubíssimo, colheita tardia, assume-se como uma alternativa ao Moscatel.

Não foi amor à primeira vista, mas já convenceu e é difícil conseguir comprá-lo porque esgota num ápice. O melhor é reservar.

O número três, e outras tantas datas, ajudam a contar a história mais recente da propriedade original do século XV. Carregado de significado, o algarismo é, entre outros, símbolo de perfeição. E parece ter ajudado a traçar o destino do Alcube. Foi em 1913 que a Quinta foi comprada, em 1943, a família mudou-se definitivamente para o local e em 2003 foi produzido o primeiro vinho. Os três anos estão anunciados à porta da loja, mas há lugar e vontade para acrescentar novas datas.

A relação genuína entre o produtor e a terra está em cada garrafa, do tinto ao branco, do monocasta ao blend. Cheira-se num Syrah. Saboreia-se num Touriga Nacional. No Alcube, acredita-se que não há melhor lugar para provar os vinhos, senão ali, junto às vinhas. Ao natural.

O vinho da Quinta do Alcube é íntegro, intacto. Saído da natureza para a garrafa.