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Sebastião da Gama ainda mora aqui

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Passaram quase 70 anos da morte de Sebastião da Gama, mas o poeta da Arrábida, como ficou conhecido, ainda mora aqui.


Está entre o verde da Serra-Mãe, como lhe chamou, e o azul do mar, “esse combate magnífico da cor”. Por isso, Setúbal celebra-lhe a vida e a 10 de abril evoca o poeta nascido neste dia, há 95 anos, em Vila Nogueira de Azeitão.

As comemorações incluem, às 10H00, uma cerimónia de deposição de flores na estátua erigida ao poeta, na Praça da República, em Vila Nogueira de Azeitão, a que se segue uma romagem ao cemitério. E, no dia 13, um momento de declamação de poesia dedicado a Sebastião da Gama, às 15H00, no Museu Oceanográfico do Portinho da Arrábida.

 

O poeta-professor, que mesmo novo soube ensinar o amor, licenciou-se em Filologia Românica, em 1947, na Faculdade de Letras de Lisboa. Deu aulas em Lisboa, Setúbal e Estremoz. Foi colaborador das revistas Mundo Literário, Árvore e Távola Redonda.


Teve uma vida tão genial quanto curta. Morava na Serra da Arrábida, sua grande fonte de inspiração e presença vincada em toda a obra. “Chego a julgar a Arrábida por Mãe quando não serei mais que seu bastardo”, diria.


Foi a tuberculose renal, de que sofria desde a adolescência, que lhe ceifou a vida, prematuramente, aos 27 anos. Morreu a 7 de fevereiro de 1952.

“Serra-Mãe”, de 1945, foi a primeira obra que editou em vida, seguindo-se “Cabo da Boa Esperança”, de 1947, e “Campo Aberto”, 1951.

 

O “Diário” (1958) é um testemunho marcante da sua experiência como docente e uma reflexão sobre o ensino. Foi publicado postumamente assim como outras obras de Sebastião da Gama.

Um ano antes de morrer, enviou uma carta para várias personalidades, a pedir a defesa da Serra da Arrábida. Viria a ser o ponto de partida para a criação da LPN - Liga para a Protecção da Natureza, em 1948, a primeira associação ecologista portuguesa.

“Pelo sonho é que vamos”, escreveu Sebastião da Gama.
Pelo sonho, continuaremos a lembrá-lo.

 

PELO SONHO É QUE VAMOS

Chegamos? Não chegamos?

Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos,
basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria
ao que desconhecemos
e ao que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chegamos?

─ Partimos. Vamos. Somos.